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Precisamos falar sobre as regravações… na verdade, não somente sobre elas, mas sobre o comportamento dos fãs diante delas




Com frequência, artistas e bandas renomados (ou não) decidem regravar clássicos de sua própria obra ou de outros músicos pelos quais têm admiração. Essa escolha pode ser motivada por diferentes fatores, e há uma série de variáveis envolvidas. 

  • Falta de repertório e criatividade: alguns alegam que regravar é uma saída quando a inspiração para novas músicas escasseia. A busca por algo já conhecido pode ser uma alternativa. 

  • Homenagem e reinterpretação: seja da própria obra ou de terceiros, recriar clássicos pode ser uma forma de homenagear ídolos ou suas próprias raízes. É uma maneira de celebrar influências e reverenciar o legado da música de forma geral e testar sonoridades e coisas novas em algo antigo, e para isso é preciso criatividade.

  • Pressões da indústria: infelizmente, a indústria fonográfica muitas vezes exige regravações para fins comerciais. A busca pelo lucro pode estar por trás dessa decisão. O artista pode se sentir compelido a “caçar níquel” para atender a essas demandas.


Independentemente dos motivos, é importante reconhecer que regravar é um direito do artista. Se os fãs concordam ou discordam, se preferem a originalidade ou não, é uma questão subjetiva. Cada um tem sua opinião, e essa diversidade enriquece o cenário musical. Se o fã (no caso eu, você, nós) vai gostar ou não, se discorda, porque “vai matar a originalidade da época…”, “acabou a criatividade…”, “é dar tiro no pé…”, “está tudo cheio de efeitos”, “de mim não vê um centavo…”, ”porque blá-blá-blá…”, não importa! Fique com sua opinião para você, discuta-a com outros fãs em mesa de bar, ou, se preferir, escreva um texto sem importância como este.

Vou focar em uma situação presente que está acontecendo no mundo do Capirotismo do metal extremo.  Os irmãos Cavalera resolveram regravar a tríade inicial e seminal dos álbuns mais brutais de sua banda anterior, o Sepultura! Max e Igor Cavalera simplesmente pegaram os álbuns Bestial Devastation, de 1985; Morbid Visions, de 1986; e o Schizophrenia, de 1987, e regravaram a porra toda, revisitando os três petardos clássicos e nos entregando outros três petardos brutalmente modernos sem perder o viço, o ranço das origens. Me responda Satan: que mal há nisso?! Para que tanta aporrinhação e birra acerca disso? Em vez de celebrar e agradecer por ter a oportunidade de escutar uma segunda versão e nova visão de três pérolas do metal extremo, uma parte enorme dos fãs ficam esperneando na internet com comentários infantis, patéticos, que faz ficar fácil a explicação de porque há poucas mulheres — quando comparado ao número de machos — envolvidas na cena metal e o porquê não há uma união e repeito mútuos entre os estilos de rock de forma geral. Mas isso é outra história.

Em 2023, foram lançadas as regravações dos álbuns Bestial Devastation e Morbid Visions, que ainda contaram com duas faixas inéditas! E hoje, 21 de junho de 2024, é lançado a regravação do Schezofrenia, que além das regravações, traz uma faixa inédita! Porra, e ainda reclamam!. Para mim, foi um prazer extremo ouvir as releituras das músicas. Gostei de tudo? Não! Porém, as achei maravilhosas, pois retratam outra era, baseada em uma grande era do passado. É como pegar uma obra de arte sagrada e retocá-la e até recompor algumas partes, acrescendo e tirando elementos. É como reencarnação sonora: mesmo espírito em novas notas! São quase 40 anos de diferença entre as versões originais e as atuais! Essas regravações carregam o peso das décadas, incluindo novas tecnologias de gravação, novos aparelhos e instrumentos e a evolução como instrumentistas dos envolvidos. Afinal, são quase 40 anos de estrada, de prática nas costas, o olhar da maturidade sobre a obra original, as mudanças na vida e nas influências, as drogas ou a ausência delas… tudo é diferente! Além disso, não se pode esquecer das releituras gráficas das capas, encartes e prensagens dos materiais físicos, que também envolvem outros artistas.

Acerca das regravações, os Cavalera comentaram:
Max Cavalera: “À medida que ficamos mais pesados, ano após ano, às vezes você tem que voltar para onde tudo começou! Regravamos Bestial Devastation e Morbid Visions com o som incrível de agora, mas com seu espírito cru e atemporal… ”
Iggor completa: “Eu sempre senti que as gravações de nossos trabalhos anteriores não faziam justiça à maneira como executávamos as músicas. Então, este é um momento muito especial em nossas vidas que estamos muito orgulhosos de mostrar…”

Então, por que não se permitir apreciar essas releituras? Afinal, elas contam com a participação de dois dos criadores originais no processo. Por mim, regravem tudo, e eu decidirei se escuto e opino ou não. Particularmente, acredito que, a partir do álbum Arise, não há uma "necessidade" de regravações. Naquela época,  as gravações já estavam bem boas, os caras já estavam na gringa com acesso à aparelhagem e instrumentos adequados. Mas se regravarem? Decidirei entre eu e eu mesmo se escutarei ou não. Confesso um desejo impróprio — para o mundo headbanger — e impossível de se ver realizado, mas adoraria ouvir regravações das melhores músicas (para mim) da “era Derick” com os vocais do Max. Músicas como: The rift, Born strong, Activist, Trauma of war, Mask, Hatred aside, Corrupted, Crown and miter, Conform, The vatican, Drowned uot, Convicted in life, Vandals Nest, False… dentre outras, mas aí já é uma lombra minha. Sigamos!

Os Cavalera já deram a contribuição “MAXima” para o metal extremo e para a up da cena extrema do Brasil que podiam dar. Se os irmãos Cavalera quiserem gravar num terreiro de umbanda, só com percussão e um berimbau, eles têm esse aval, tem chancela para fazer o que quiserem! Deixem de ser chatos, amadureçam, poupe os dedos, saliva, e a mente de quem se debate com comentários infantis na internet e agradeça por ter mais três álbuns fodas para pôr na sua playlist. Ou apenas não escute e pronto! Não dói e não tem sanções para quem não ouvir. Não ha obrigação! O Capiroto não vai tirar você da lista de contatos! E aqui vai outra dica incrível, que talvez muitos não saibam, mas quando um artista/banda faz uma regravação, o material original NÃO É CONFISCADO, não vai aparecer em sua porta uma viatura de headbangers e outra da gravadora atual para apreender o seu material original. Eles continuarão aí em sua estante! Seu vinil, sua fita cassete, originais da década de 80 e as primeiras prensagens de CD, não vão sumir, volto a frisar: elas continuarão nos locais onde você as mantêm. Tá duvidando? Façam um teste!

Dito isso, para mim, que não sou viúva do Max e também não sou fã do vocal do Derick no Sepultura (para mim, o projeto Musica diablo, é a sua melhor gravação), mas consigo apreciar as coisas boas que a “era pós-Max” criou, juntamente com a extensa discografia do Max Cavalera em seus 23589 projetos, da qual o meu preterido é o Soulfly (aquele primeiro álbum para mim é melhor que o galáctico Roots, mas isso já é outra história). Espero que os alvoroçados fiquem mais tranquilos. Quanto a galera que curte as regravações ou, pelo menos, está curiosa para escutá-las, fica um modus operandi de fazê-lo que, para mim, é muito prazeroso e eficaz para comparar as duas gravações: ouça faixa a faixa, intercalando a faixa original com a faixa regravada. É ótimo para se ter noção da evolução sonora, da qualidade de gravação, do que ficou mais sujo ou mais limpo, do que ficou mais rápido ou mais lento e de comparar os desempenhos dos músicos. A arte sempre é válida quando bem intencionada! 

Vida longa às regravações, aos Cavalera e que venham mais projetos (regravações ou não), mas que produzam. E que também amadureçam e deixem de porra de mi-mi-mi infantil de “No Cavalera. No Sepultura”. Sigam e produzam! 

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