A canela quebrada de Anderson Silva e os corações brasileiros
Atualizado: 4 de mar. de 2021
No último sábado de 2013, aconteceu o último UFC, que trazia a última e primeira revanche do ano: Anderson Silva X Chris Weidman, valendo o cinturão dos médios. O primeiro round foi pleno para o gringo, que por pouco não fatura a luta, logo ali. No último segundo deste round, uma e única gota de sangue escorre da bochecha do Weidman, e todo o Brasil comemora como um nocaute, mesmo depois do cara ter quase liquidado o Anderson. Espinhas adolescentes sangram bem mais, que aquilo, ao serem espremidas, mas isso não importa. Afinal somos brasileiros!
No segundo round, o nosso querido Anderson Silva, já com a consciência de que o negócio seria mais difícil do que imaginava, tenta um chute baixo, que é defendido pela canela de concreto do Senhor Weidman. E aí “crash”, a canela do lutador literalmente parte ao meio, deixando parte de sua perna e o pé, pendurados. Ainda houve o golpe de sorte nisso tudo, pois não teve a externação do osso, o que certamente foi algo “positivo” no episódio. O acidente foi feio? Sim! Bastante, mas afinal, quem tá na chuva, sabe que pode se molhar. Todo e qualquer esportista sabe dos riscos de sua profissão ou lazer. Automobilistas, corredores, jogadores de futebol, halterofilistas, ginastas, etc. Todos eles sabem dos riscos e da infelicidade que podem ser acometidos. Até um jogador de xadrez ou póquer pode, ter sérios problemas de coluna, rins ou circulatórios, devido ao grande tempo que passa sentado, quem dirá um praticante de um esporte de contato tão radical, como MMA.
No bar em que estava e certamente em todos os outros, houve um silêncio sepulcral. Parecia que algum parente tinha morrido ou que o próprio Anderson, ao invés da perna, teve a cabeça degolada por uma voadora do Weidman, — a lá, um fatality, do jogo Mortal Kombat. Nas redes sociais uma série de campanhas, para enviar força ao Anderson é iniciada. Eu me recusei a ligar a TV no domingo. Nem as criancinhas da África consternaram tanto as pessoas. Apesar do grave infortúnio, o cara não teve que esperar o SAMU deitado num asfalto quente, teve um pronto atendimento médico, com muitos dos melhores profissionais que há. Se tiver que ser colocado algum parafuso, platina , ou o que seja, será um vindo da NASA, fabricado com tecnologia alienígena por cientistas de Marte e logo, logo — bem mais rápido, que qualquer simples mortal, que tenha um bom plano de saúde — ele estará de volta a suas atividades, ou plenamente aposentado, com saúde extrema e grana pra umas três encarnações.
Desejo, sim, uma plena recuperação ao Anderson da Silva, — que certamente terá, independente dos milhares de estimas que tenha —, mas também desejo muito, neste período de renovações enérgicas, que todos os brasileiros passem a se importar, tanto quanto, com o Anderson, com as pessoas que estão próximas de seus convívios, (pais, mães, tias, namorados, amigos, empregados, etc.) que lhes valorizam, respeitam e sabem que vocês existem.