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"13", do Black sabbath

Atualizado: 4 de mar. de 2021

Mais uma banda de grande sucesso que após décadas separada, faz algumas reuniões, fofoquinhas e burburinhos e resolve lançar um álbum inédito. Qual a novidade nisso? Seja por grana, paixão ou mídia, não importa o motivo. Na primeira década de 2000 isso foi uma espécie de febre e grandes nomes do passado ressurgiram com um álbum de relançamentos ou inéditas, que geralmente soava como algo diferente, legal ou numa tentativa fracassada de tentar ser o que se foi. Afinal, é impossível manter a integridade sonora, psíquica e enérgica de algo que foi gravado a mais de 30, 40, 50 anos atrás. As pessoas, ideias, concepção sonora, instrumentos, tecnologia dos grandes estúdios, etc. Tudo muda e consequentemente a sonoridade de qualquer que seja a banda, que venha a voltar à ativa depois de décadas vai mudar também. Então é mais que comum, após se escutar novos álbuns de velhos dinossauros em hibernação, se dizer: "Tá bom, mas não é a mesma coisa de antigamente". Pois bem, aí me vem os safadinhos do Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Tony Iommi e resolvem lançar um álbum de inéditas. Até aí tudo bem, que legal, que satisfação vê-los novamente na ativa. Depois de alguma espera, entrevistas, rumores, fofocas envolvendo a não participação do baterista original (Bill Ward), etc e tal. Eis que sai a aberração sonora da volta dos que foram e jamais deixarão de ser. Sim, entre "reações de um Deus morto por um querido pai" é parido o álbum "13", assim: só "13".


Daí você chega em casa pra conferir o lançamento. Empolgado, coloca o CD no som e começa a fazer suas coisas: lavar os pratos, arrumar armários, passar a farda para o dia seguinte e uma força inevitável e invisível, num formato de pinça martelar te abate e te transporta para quarenta anos atrás. E o impossível acontece: um lançamento datado de 2013 com a essência, pungência, peso e psicodelia da década de 70. Me desculpem pelo que vou falar, mas acho que nem Hendrix, se não finado, conseguiria gravar algo tão fidedigno e leal a sua época — ou talvez conseguisse e fosse mais uma exceção. Mas o fato é que o Black Sabbath voltou, como se nunca estivesse ido; fazendo com que os seus fãs dobrem os joelhos ao Deus Som.

Se pegarmos um adolescente que está começando a escutar rock agora, e falarmos: "olha cara, essa banda é o Black Sabbath, eles lançaram só quatro discos 70, 73, 75 e o último em 78, chamado 13". O moleque vai acreditar numa boa, pois não tem como saber, sonoramente falando, que "aquilo" é recente, com toda aquela energia. Tony Iommi, não tens mais idade para punhetar a guitarra deste jeito, estuprando notas com estes seus cotocos de dedos, seu escroto sádico, não cai bem a um senhor fazer o que fez neste disco; Geezer Butler, por que faz isto com seu baixo, meu Senhor? Por que este desespero e falta de respeito em siriricar seu baixo tão alto que nos soa como um murro na cara? Senhor Ozzy Osbourne, por que esta maldita voz cansada cai tão bem nisto tudo?


O registro que eles fizeram, os dão o direito de reescrever seus nomes nas calçadas das energias do universo e da onde eles queiram. Eles podem gravar um CD de tributo ao pagode, ao funk, ao country, arrocha, etc. Com participação de Léo Santana, Márcio Vitor, Pablo, o Bonde das Vacas, Backstreet Boys, Britney Spears que ainda assim, ninguém terá o direito de abrir a boca para criticá-los. Black Sabbath é a única banda que após 40 anos, continua sem ter uma definição sonora e que me faz ter as mesmas reações, de como se eu estivesse ouvindo um “Gore-Speed-Death-Thrash-Grunge-Doom”, só que com um arrasto de quem transporta o cemitério das almas podres do mundo num carro alegórico feito de arco-íris, pela noite enluarada de uma missa negra num sábado dominical.

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