top of page
Foto do escritorInFeto

Cúmplice de pedra

Atualizado: 4 de mar. de 2021

Sofrer em São Paulo é um pouco menos sofrido

Um frio mais aquecido se apetece da alma

Mesmo que lá fora, caia uma garoa sob o céu pesado

Os concretos parecem ser abstratos e com beiradas macias

E o abstrato abstrai-se, dando ao sofrer algum sentido

Há variedade de onde comprar um bom abraço químico de qualidade

E mesmo que se tenha uma parada cardíaca

“A cidade não para!” tampouco os corações

Divãs alcoólicos se espalham por todas as calçadas

O coração pode bater mais forte em qualquer esquina

Fisgado pelo anzol ocular de compreensões íntimas

Ou pelo necessário visgo sexual fugaz das carnes

A fuga é que te persegue e sempre te alcança

Em galerias, cafés, shoppings, artes de rua

Bares, mercearias, clubes de swings, teatros

Esquinas vazias, grafites, museus, parapeitos

O urbanismo conjectura-se com o caos paisagista da alma

As Augustas são Auroras noturnas e as Paulistas se globalizam

Os garçons, traficantes, putas, travestis e os que sofrem

São deuses com toda sua benevolência, manias e defeitos

Sofrer em São Paulo é um pouco menos sofrido

Um frio mais aquecido se apetece da alma

Mesmo que lá fora, caia uma garoa sob o céu pesado.

1 visualização

Posts recentes

Ver tudo

Alívio

Confuso

bottom of page