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Foto do escritorInFeto

A descoberta do Paraíso

Atualizado: 2 de jan.

Embucete-me, como fazem as carnes adocicadas das maçãs

Com os dentes dos famintos e com os corpos das lagartas

Censure meu grito e exponha meu gemido

Devolva meu hímen à terra fértil

Para que possa histerectomizá-la de todo o mal.

Desejos palafitam ancas macias descivilizadas

Poros vulcânicos e espermas em larvas

Gramas capilares encharcadas de ofegantes prazeres

Ondas do êxtase apagam as chamas de meus infernos

Alcanço voo, repousando nas asas de suas escápulas.

O Paraíso corre nu, para os braços do fruto proibido

Para juntos abraçarem o atordoado corpo do desejo punido

Disseminando a putaria soberba, do viver e do amanhecer em ti

Liberte-me da unicidade ambígua ou aprisione-me na certeza cauta

Antes que a proibição furtiva da vida nos apeteça.

Embucete-me, com suas valas carnívoras

Embucete-me, em seu encéfalo clitoriano

Embucete-me, com sua caverna sanguínea

Embucete-me, em sua glândula pituitária vaginal

Embucete-me, em ti, em si, em mim... em nós.

Que o universo abençoe o berço fecundativo

Das inconcebíveis desgraças e incontáveis graças

Frute-me; proíba-me; coma-me, dispa-me

Digira-me; permita-me; degluta-me; use-me

Prenda-me nos dentes e só largue, quando a alma sangrar.



*Poema parido após ver as obras: Nu e Nu e frutas, de 1980;
Fruto proibido, de 1981; e Maçã, de 1984,
do artista Juarez Paraíso.

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