Cidade pandêmica

a cidade está vazia

sem idade e com um cid aterrorizante

sem a energia que a impulsiona

sem os gritos, sussurros e afrontas.

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cheia de uma tortura vaticinada

de gôndolas e prateleiras esvaziadas

de famílias sem saber se serão amanhã

com medo de ser intubada pela vida

e em seguida entubada pela morte.

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mascarada e de mãos esterilizadas

aflição, feridas, cicatrizes, tatuagens

vidas correm sobre o asfalto

bares, mares, cabarés e risos fechados.

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as ruas estão cheias

de fúria furada, oprimida, mídia

do horror de ser a próxima vítima

e virar % em capa de jornal.

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segue a pressa insegura

de voltar a ter a liberdade

construindo-a sobre ruínas

de fé, rudez e inocência.