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Foto do escritorInFeto

Aqui dentro

Dos livros que estão na prateleira,
alguns já passaram por minhas mãos,
há marcações e marcadores,
lágrimas, selvagerias, revoltas, alegrias.

Em todas as formas um afago,
um fato, como prazos de validade
sinalizados nas embalagens
de remédios e alimentos.

Desde que tudo isto começou
– há dez mil anos atrás –
não tenho muito o que reclamar
dos dias de liberdade em reclusão.
Tenho álcoois, pão e poesia em mãos,
jorrando para dentro de minha mente.
Testes rápidos, lockdown, luz ultravioleta
Remdesivir, Dexametasona, Hidroxicloroquina
anticorpos monoclonais, corticoides, plasma
Cloroquina, Azitromicina, Heparina, Lopinavir
CoronaVac... Oxford... Pfizer...
garrafada, reza braba, améns, ignorâncias.

Que algo disso venha verdadeiramente
a prosperar, deixando de ser:
fake news” ou “new hopes”.

Sou egoísta, mas tenho amigos lá fora,
quero voltar a frequentar mesas de bares,
cafeterias e molhar os pés no mares da vida,
mas enquanto isso não for permitido,
comunico que, aqui dentro, tudo está
– na medida do impossível –
devidamente remediado e imunizado, pois:
tenho álcoois, pão e poesia em mãos,
jorrando para dentro de minha mente.
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